MANCHAS PÓS-GOLDINCISION®

Conteúdo extraído do livro “Vitória Contra a Celulite” do Dr Roberto Chacur, Ed. AGE, 2023.


Dr. Roberto Chacur

MANCHAS PÓS-GOLDINCISION®

Pele
A pele é um órgão complexo e dinâmico, constantemente variável. É res
ponsável por aproximadamente 15% da superfície corporal de uma pessoa adulta e, além disso, regula a temperatura corporal e protege contra agentes físicos, químicos e biológicos. Consiste de três camadas principais: a epiderme, a derme e a hipoderme (camada subcutânea). Cada uma delas é composta por várias subcamadas. Os apêndices da pele, tais como folículos pilosos e glândulas sebáceas e sudoríparas, também desempenham uma função global.


Epiderme (camada mais externa)

Avascular e com função de barreira semipermeável, a epiderme é, de
forma básica, um tecido epitelial estratificado, queratinizado, constituído de células epiteliais escamosas, que estão em constante processo de renovação.
As terminações nervosas e os corpúsculos sensoriais si
tuam-se na camada basal.

anatomia-da-pele-vitoria-celulite

Anatomia da pele. Fonte: acervo do autor

 

Com a colaboração de colegas médicos experientes, o Dr. Roberto Chacur reúne neste livro uma abordagem em torno do tema que vai desde a gênese da celulite, o método próprio de avaliar e classificar, as doenças associadas e a modulação hormonal até os tratamentos existentes, o que realmente funciona e por qual motivo o método GOLDINCISION é considerado o padrão ouro.

Derme (camada intermediária)
A derme é a camada de tecido conjuntivo composta por um sistema in
tegrado de estruturas fibrosas, filamentosas e amorfas, na qual estão os vasos sanguíneos, os nervos e os anexos epidérmicos. É na derme que estão localizados os folículos pilosos, os nervos sensitivos, as glândulas sebáceas, responsáveis pela produção de sebo, e as glândulas sudoríparas, responsáveis pelo suor (AZULAY, 2017; SBD, c2016).

Hipoderme (camada mais profunda)
A hipoderme é a camada mais profunda da pele, apresentando os lipóci
tos, colágenos com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. O número de células presentes nessa camada difere nas diferentes partes do corpo. Além do mais, a distribuição de células adiposas também difere entre homens e mulheres, assim como a estrutura de outras partes da pele.

PIGMENTAÇÃO DA PELE

A pele é o mais visível aspecto do fenótipo humano, e sua cor é um de
seus fatores mais variáveis. Pouco se conhece sobre as bases genéticas,

evolutivas e os aspectos culturais relacionados ao estabelecimento dos

padrões de cor da pele humana.

A síntese de vitamina D na pele, degradação de ácido fólico pela RUV,

resistência à exposição solar direta e elementos culturais são argumen

tos sobre os quais tentam explicar a distribuição fenotípica da cor da

pele em diferentes latitudes do planeta.

A cor da pele humana normal é principalmente influenciada pela pro

dução de melanina, um pigmento castanho denso, de alto peso molecu

lar, o qual assume o aspecto mais enegrecido quanto mais concentrado.

No entanto, pigmentos exógenos amarelos – os carotenoides – tam

bém contribuem para a coloração da pele, assim como o vermelho endó

geno, da hemoglobina oxigenada nos capilares da derme e azul endóge

no, da hemoglobina reduzida nas vênulas.

Em humanos, a pigmentação da pele e dos cabelos é dependente da

atividade melanogênica, dentro dos melanócitos, da taxa de síntese de

melanina, bem como do tamanho, número, composição e distribuição de

partículas do citoplasma dos melanócitos, denominadas melanossomas,

além da natureza química da melanina que elas contêm.

Os melanócitos e os melanossomas têm seu número relativamente

constante em diferentes etnias
.

Melanócitos

Os melanócitos são células que derivam da crista neural (melanoblas
tos) e migram durante a embriogênese para a pele. Esse processo co

meça entre a décima e a décima segunda semanas de desenvolvimen

to do feto para a derme, e duas semanas mais tarde para a epiderme,

onde eles se diferenciam em melanócitos, os quais por volta do sexto

mês da vida fetal se dispõem na junção dermo-epidérmica (HEARING;

TSUKAMOTO, 1991). Várias citocinas e fatores de crescimento são acei

tos como suporte para diferenciação de melanoblastos para melanócitos

e sua migração.

A associação entre um melanócito com 36 queratinócitos constitui a
unidade melano-epidérmica (DUVAL
et al., 2002). Os melanócitos alcan
ç
am sítios específicos, dentre eles: derme, epiderme, folículos pilosos,

trato uveal do olho, vestíbulo e saco endolinfático do ouvido, leptome

ninges do cérebro.

De acordo com HEARING; TSUKAMOTO (1991), os melanócitos sin

tetizam a melanina dentro de organelas, chamadas melanossomos, os

quais podem variar em tamanho, número e densidade, sendo posterior

mente transferidos para os queratinócitos e bulbos de cabelo. Os mela

nócitos são influenciados por uma variedade de fatores extracelulares

determinantes para o início da síntese e o tipo de melanina a ser pro

duzido. A síntese e a distribuição de melanina na epiderme envolvem

vários passos: transcrição de proteínas necessárias para a melanogê

nese, biogênese de melanossomos, triagem de proteínas melanogênicas

dentro de melanossomos, transporte de melanossomos para as bordas

dos dendritos dos melanócitos e transferência de melanossomos para os

queratinócitos (PARK
et al., 2008).
Dentro dos melanossomos há três enzimas que são absolutamente

necessárias para sintetizar os vários tipos de melanina. Enquanto a tirosinase é
responsável pela etapa crítica da melanogênese (passo limi

tante da biossíntese, hidroxilação da tirosina), a proteína relacionada à

tirosinase-1 (TRP-1), e a dopacromo, a tautomerase (DCT) estão mais

envolvidas com a modificação da melanina em diferentes tipos. Além

dessas, os melanossomos contêm outras proteínas melanócito-específi

cas, que têm funções estruturais ou estão envolvidas na regulação do pH

dentro dos melanossomos, como a proteína P ou a proteína transporta

dora associada à membrana (MATP) (COSTIN; HEARING, 2007).

Melanogênese

Melanogênese. Fonte: acervo do autor

Melanina

A pigmentação de pele, olhos e cabelo depende de uma grande varieda
de de fatores que influenciam a função de melanócitos em vários níveis.

Há uma grande quantidade de genes que afetam todos os níveis da mela

nogênse, direta ou indiretamente. Muitos desses genes codificam proteí

nas que estão localizadas nos grânulos de melanina, que cumprem papel

importante na estruturação e no funcionamento dessas organelas, tanto

função catalítica na síntese de melanina como função estrutural na in

tegridade dos melanossomos. Muitos desses genes têm sido implicados

em diversas desordens de pigmentação herdadas geneticamente (HEA

RING, 2006).

O pigmento melanina tem vasta gama de importantes funções fisio

lógicas, como proteção dos tecidos subjacentes expostos à radiação ul

travioleta (UV), controle de temperatura e produção de coloração adap

tativa na pele (PROTA, 1980), seu papel principal na pele humana serve

para atenuar a penetração de raios UV em proporções mais profundas,

como em vasos sanguíneos da derme (SLOMINSKI
et al., 2004).
Além disso, é o maior determinante da coloração da pele huma

na, sintetizado a partir da L-tirosina. É composto por um pigmento

que varia de marrom a preto, eumelanina, e outro que contém enxo

fre que varia de vermelho a amarelo, feomelanina (DUVAL
et al., 2002),
já Slominski
et al. (2004) propõem que há vários tipos de melanina,
como eumelanina, feomelanina, neuromelanina e uma mistura de pig

mentos melânicos, caracterizando-os como polimorfos e biopolímeros

multifuncionais.

Eumelanina e feomelanina estão firmemente associadas a pro
teínas, porém exibem diferenças nas propriedades químicas e físicas

na proteção contra a radiação UV. Eumelanina é considerada um po

límero fotoestável, fotoprotetor, insolúvel na maioria dos solventes;

ao contrário, a feomelanina é solúvel em álcalis, fotolábil, fotossensi

bilizadora, por produzir radicais superóxido e hidroxila e peróxido

de hidrogênio após radiação solar (DUVAL
et al., 2002; SLOMINSKI et
al
., 2004).
Os hormônios sexuais estrogênio e progesterona têm sido relatados

por interagir com melanócitos, embora o mecanismo e a diferenciação

não tenham sido esclarecidos. Acredita-se que o aumento da pigmen

tação frequentemente observada na gravidez é um efeito fenotípico da

produção de estrogênio (HEARING, 2006).

Variações ambientais de temperatura podem influenciar a biologia

da pele humana, consequentemente queratinócitos epidérmicos expos

tos ao calor, frio ou
stress oxidativo, resultam na indução de inflamação
cutânea; por exemplo, o aquecimento leva à formação de interleucinas

1-alfa, prostaglandinas E
2 (ALLAPPATT et al., 2000).
Muitos compostos químicos têm demonstrado efeitos inibitórios so

bre a melanogênese pela inibição da atividade enzimática da tirosina

se, mas efeitos relacionados com expressão gênica, degradação proteica,

glicosilação, transferência de melanossomos e regulação de sinais celu

lares também foram reportados no controle da melanogênese (SOLANO

et al.
, 2006).

DISTÚRBIOS DE PIGMENTAÇÃO (DISCROMIAS)

Dentro dessa ordem de colorações de pele, há desordens do siste
ma pigmentar, o que resulta em problemas de hiperpigmentação e

hipopigmentação.

ausência da inibição da tirosinase

A ausência da inibição da tirosinase, que é a enzima que forma
melanina, ocasiona o surgimento das manchas escuras.
Fonte: acervo do autor


A hiperpigmentação da pele é a queixa mais comum entre pacientes

que consultam dermatologista em busca de restabelecer uma cor homo

gênea da pele. Podem ser divididas em hiperpigmentação difusa e cir

cunscrita, linear e reticulada.

Alguns tipos de manchas hipercrômicas são: melasmas (Figu
ra 12.4A), efélides (Figura 12.4B), cloasmas, melanoses solares (Fi

gura 12.4C), lentigens senis (Figura 12.4D), melanose de Riehl, po

liquilodermia de Civatte, melanodermatite por fotossensibilização,

melanodermia residual, hiperpigmentação periorbital, hiperpigmenta

çã
o pós-inflamatória.
A hiperpigmentação da pele pode ser resultante do aumento na
quantidade de melanina, do aumento do tamanho dos melanossomos e

do aumento no número dos melanócitos, que pode ocorrer devido a vá

rios fatores, como envelhecimento, gravidez, distúrbios endócrinos, tra

tamento com hormônios sexuais e exposição ao sol em diferentes graus.

As epidérmicas ocorrem por aumento do número de melanossomos

ou da taxa de melanogênese e apresentam-se com coloração mais amar

ronzada. Já as hiperpigmentações dérmicas ocorrem por aumento da

deposição de melanina na derme, retida por macrófagos, ou pela eleva

ção da produção de melanina nos melanócitos dérmicos e se apresentam

com coloração cinza a azul-acinzentada. E, por fim, as hiperpigmenta

ções mistas, que acometem a epiderme e a derme.

A hiperpigmentação pós-inflamatória é o tipo de hiperpigmentação

adquirida mais comum. É mais recorrente em pessoas de fototipo mais

alto e é resultante de uma inflamação que pode ter sido causada por

qualquer evento inflamatório agudo que, por meio de vários mecanis

mos, dentre eles a estimulação direta de melanócitos por mediadores in

flamatórios como a interleucina-1-α, endotelina-1 e espécies reativas de

oxigênio, geradas pelo dano na pele.

desordens-de-pigmentacao

Desordens de pigmentação – melasmas (A), efélides (B), melanoses solares (C), lentigens senis (D) (adaptado de LAPEERE et al., 1999; DERMATOLOGIA, 2010). Fonte: acervo do autor


Além disso, dano de células epidérmicas pode liberar indutores en

dócrinos de pigmentação, como o hormônio α-MSH. Todos esses fatores

geram hiperpigmentação. A melanina produzida durante o evento in

flamatório pode entrar na derme, gerando internalização pelos macró

fagos desse excesso de pigmentação; sendo assim, os macrófagos ficam

represados na derme por longos períodos (ORTONNE, BISSETT, 2008).

As cores das lesões variam da cor marrom à cor negra e à cor cinzenta e,

usualmente, seguem a distribuição da dermatose primária.

A hipercromia por deposição de hemossiderina decorre em função

do rompimento dos vasos sanguíneos, que ocasiona o desenvolvimento

de edema e o acúmulo de hemoglobina na região tratada. A porção férrica

da hemoglobina se liga a uma parte proteica, formando a ferritina (por

çã
o de ferro disponível no organismo). A degradação da ferritina libera

os íons férricos, que, desligados da parte proteica, tornam-se tóxicos, e

reagem com o oxigênio, produzindo radicais livres; estes, após complexo

processo, desestabilizam-se, gerando um processo oxidativo em cadeia e

tornando-se reativos. A fim de evitar esse processo, o organismo se pro
tege,
formando a hemossiderina, que
é uma espécie de armazenagem do

í
on ferro cristalizado acumulado nas células, principalmente do reticulo

endotelial. O resultado é a formação de um composto insolúvel, atóxico,

que se deposita na derme. É constatável histologicamente 24 a 48 horas

após o extravasamento de sangue, com pique entre o 4.° e 5.° dias.

Estudos histológicos demonstram que a pigmentação marrom-acas

tanhada é causada pela alteração da cor da derme pela hemossiderina.

O pigmento fica predominantemente na derme superficial, podendo, às

vezes, estar presente nas regiões periaxiais ou na derme média. Alguns

autores acreditam que a oxidação do ferro presente nas lesões levaria à

formação de radicais, que, por sua toxidade, estimulariam os melanóci

tos, piorando as lesões. Verificou-se que o ferro depositou-se na matriz

extracelular entre as fibras de colágeno e dentro de grânulos das células

de Langerhans, dando aspecto marrom à pele, característico da hemos

siderina (
QUEZADA GAÓN et al.).


O procedimento da Goldincision
®, pela bioestimulação de colágeno
e pelo rompimento do septo de fibrose; além de liberar a pele, o pro

cedimento promove a formação de uma coleção de sangue (hematoma)

pelo rompimento de pequenos vasos sanguíneos, abaixo da lesão trata da.
Esse hematoma, além do trauma e do processo inflamatório, vai aju

dar na produção de um colágeno novo e mais bem organizado, colágeno

que vai preenchendo o local tratado, dando aspecto de relevo mais uni

forme à pele, além de ela ser mais firme. As máculas residuais são causa

de angústia para muitos pacientes e que parecem ser resultado do depó

sito de hemossiderina associado à hiperpigmentação melânica, pois se

acredita que haja ativação melanocítica secundária à deposição de pig

mento férrico na derme.

Manchas pós-Goldincision

Manchas pós-Goldincision® em que se observam variações de tonalidades dentro da própria hipercromia. Fonte: acervo do autor.

 

Imagens microscópicas de tecido renal cap 12

Imagens microscópicas de tecido renal apresentando pigmento marrom-acastanhado, produzido pela degradação da hemoglobina e que
contém ferro na sua forma trivalente. Apresenta-se normalmente como grumos refringentes no tecido fibroso, livres ou fagocitados por macrófagos. (H&E, 400x). Fonte:https://anatpat.unicamp.br/nptcistrathke4.html http://anatpat.unicamp.br/tahemossid.html

 

 

FATORES DE ALERTA

Alguns fatores servem de alerta durante a anamnese para aqueles pa
cientes que terão chance maior de evoluir com as manchas.

Dentre eles pode-se citar a genética – fototipos mais altos tendem a

manchar mais do que os fototipos mais baixos. O tabagismo, o álcool, o

uso de medicamentos vasodilatadores, quimioterápicos e antipsicóticos

são fatores que podem contribuir nesse processo pela estase dos vasos

sanguíneos, favorecendo a mudança de cor na região.

A terapia de reposição hormonal e o uso de anticoncepcionais, as

sim como antibióticos da classe das tetraciclinas, podem levar ao au

mento na produção de melanina. Já as doenças que cursam com retenção
hídrica, como
tireoidopatias, nefropatias, cardiopatias e pneumopatias,

tendem a manter o hematoma por mais tempo no local, favorecendo a

formação do pigmento de hemossiderina. E a deficiência de vitamina K

também está relacionada ao aumento no tempo de sangramento.

Pacientes em uso de medicações contendo ferro, recomenda-se que

evitem ingerir esses medicamentos, bem como reduzam a ingesta desse

mineral 30 dias antes do procedimento.

O tratamento ideal deve incluir a suspensão de fatores desencadean

tes quando identificados.

TRATAMENTOS

A notícia boa é que estudos mostraram que essas manchas se resolvem
espontaneamente, sem ajuda de cremes,
laser ou qualquer tratamento
que seja. Estima-se que 80% das manchas desaparecem completamente

após um período de 6 a 24 meses.

Entretanto, quanto mais cedo for instituída a terapêutica para a re

solução do processo inflamatório, melhor e mais precoce será o resulta

do do tratamento das manchas.

A terapia de primeira linha consiste na utilização de agentes tópi

cos clareadores, podendo ser associadas tecnologias, incluindo fotopro

teção, antes, durante e depois do processo terapêutico.

O tratamento para manchas muitas vezes é demorado, e os resulta

dos podem variar de acordo com a intensidade da lesão. Diversos trata

mentos são utilizados para tratar esse tipo de hipercromia, como, por

exemplo, o uso de tópicos despigmentantes, indução percutánea de co

lágeno, o uso de
peelings químicos, microagulhamento, tratamento com
laser
e luz intensa pulsada (BOMFIM et. al, 2022).
No entanto, é importante estar sempre atento ao potencial que o

próprio tratamento tem de causar ou agravar a HPI, causando irritação
.

Agentes clareadores

Os agentes clareadores possuem princípios ativos que atuam por meio
de diferentes mecanismos de ação. Um ponto importante é que todos es

tão ligados à interferência na produção ou transferência de melanina
, seja inibindo a biossíntese de tirosina,
inibindo a forma
ção da melanina,

interferindo no transporte dos grânulos de melanina, alterando quimi

camente a melanina, destruindo seletivamente os melanócitos e inibin

do a formação de melanossomas e alteração de sua estrutura.

paciente no seu sétimo procedimento

Foto clínica de paciente no seu séti-
mo dia pós-procedimento – observam-se hema-
tomas em diferentes fases nas regiões tratadas.
Fonte: acervo do autor


Sendo assim, os tratamentos para clareamento das hiperpigmenta

ç
ões devem conter associações de dois ou mais agentes de diferentes

mecanismos para produzir um efeito sinérgico. Além do seu mecanismo

de ação, outros parâmetros relacionados com citotoxicidade, solubilida

de, absorção cutânea, penetração e estabilidade dos agentes de trata

mento devem ser considerados.

Sabe-se que o tratamento da pele discrômica é, de certa forma, di

fícil, pois muitos compostos efetivos no tratamento apresentam pro

priedades irritantes e podem, em certos casos, promover descamação.

O resultado satisfatório não é conseguido imediatamente, pois a despig

mentação é gradual.

EXTRATO DE UVA-URSI: rico em Arbutin natural (Beta-Arbutin).
Capaz de provocar a descoloração da melanina já formada e de

inibir a formação de nova melanina. Inibe o processo de escure

cimento, reduz efetivamente a pigmentação já existente, além de

possuir a capacidade de inibir em 100% a tirosinase e degradar

naturalmente a melanina presente na pele. A ação da uva-ursi é um pouco mais lenta, porém acumulativa (não reversível) quan
do comparada com a hidroquinona, ou seja, ao conseguir o cla

reamento desejado, as manchas não irão reaparecer em seguida

(FÁBIO BORGES).

MELAGÊNESE

Sítio de ação dos clareadores na cascata da melanogênese.
Fonte: acervo do autor


HALOXYL: é um ativo composto por matriquinas, que estimulam
a síntese dos componentes da matriz extracelular (MEC). A crisi

na e o nhidroxi-succinimida agem como quelantes de bilirrubina

e ferro, respectivamente, diminuindo a pigmentação local.

ÁCIDO TIOGLICÓLICO: ou ácido mercapto ac ético, muito utiliza
do para o tratamento de hematomas persistentes. Sua afinida

de pelo ferro e para o tratamento de hematomas persistentes é

semelhante à apoferritina, tendo a capacidade de quelar o ferro
da hemossiderina,
por apresentar um grupo tiólico (SH). É usado

topicamente em domicílio na concentração de 5 a 10%. Orientar

uma fina camada por 20 a 30 minutos e retirar em seguida.

ARBUTIN: derivado natural e estável da hidroquinona, ligado a
uma D-glicose (açúcar). Amplamente utilizado para o tratamen

to despigmentante de peles sensíveis, fototipos elevados e áreas

sensíveis (VANZIN
et al., 2011). Age bloqueando a ação da enzi
ma tirosinase, impedindo a produção de melanina no ponto de

aplicação. Apresenta menos probabilidade de provocar hiperpig

mentação irreversível. A forma potencializada α-Arbutin causa

efeito despigmentante de forma mais rápida, eficiente e também

segura. A concentração usual de α-Arbutin varia de 0,2 a 2%.

ÁCIDO KÓJICO: obtido a partir da fermenta ção do arroz. Tem efei
to inibidor sobre a tirosinase, por quelação dos íons cobre e, con

sequentemente, diminuição da síntese de melanina. Induz, ainda,

a redução da síntese de eumelanina em células hiperpigmenta

das. É uma excelente alternativa despigmentante para o trata

mento de fotótipos mais elevados, especialmente quando asso

ciado com ácido fítico. A concentração usual de ácido kójico pode

variar de 1 a 5%.

SEPIWHITE MSH: diminui a atividade da enzima tirosinase, re
duz a produção e a fixação da eumelanina nos queratinócitos.

Bloqueia receptores na ligação do hormônio melatropina. Esse

hormônio está diretamente envolvido no estímulo da enzima ti

rosinase na síntese de melanina (em especial eumelanina), tam

bém é responsável por favorecer a fixação do pigmento formado

nos queratinócitos, aumentando a luminosidade da pele (
VAN
ZIN
et al.).
ANTIPOLLON: é um despigmentante interessante, pois age na
adsorção e eliminação da melanina já formada, podendo ser as

sociada a outras substâncias, exceto os ácidos graxos. Pode ser

indicado no tratamento despigmentante de gestante ou de pa

cientes intolerantes ao uso de despigmentante convencionais.

ÁCIDO FÍTICO: é o hexafosfato de inositol, substância presente
em cereais e exercem ação inibidora sobre a tirosinase. Tem tam

bém ações anti-inflamatória, antioxidante, hidratante e quelante.
Além da indicação para o tratamento de hipercromias decorren
tes do depósito de melanina, devido à ação quelante que o ácido

apresenta, é especialmente indicado para o tratamento de hiper

cromias causadas pelo depósito de hemossiderina, pela sua po

tente ação de quelante para o íon ferro.

VITAMINA C: é o ácido ascórbico, que baixa a estabilidade quími
ca em soluções aquosas, oxidando facilmente em géis, géis creme

ou emulsões óleo em água (PEYREFITTE, 1998). Investiu-se na ob

tenção de derivados da vitamina C que exercessem as mesmas fun

ções, e em contrapartida possuíssem maior estabilidade química

e penetração cutânea em níveis mais eficazes, a fim de que não

ocorra comprometimento das funções farmacodinâmicas (GON

ÇALVES, 2002). Dessa forma, a vitamina C pode apresentar-se de

várias formas em produtos com a finalidade clareadora, agindo na

síntese de melanina (inibição da tirosinase), antioxidante, e na sín

tese de colágeno, melhorando a aparência da epiderme.

BELIDES: Belis perennis é um ativo despigmentante cujo efeito
ocorre antes mesmo de a melanina ser formada, pois diminui a

ação de endotelina 1, um mediador inflamatório produzido nos

queratinócitos e que ativa os melanócitos. Outro mecanismo é a

diminuição da ligação de α-MSH (
melanocyte stimulating hormo
ne
) nos melanócitos e consequente diminuição na produção da
eumelanina. Reduz ainda a transferência dos melanossomas for

mados no melanócito para as células epidérmicas que estão ao

seu redor, diminuindo sua pigmentação. É indicado no tratamen

to de hipercromias decorrentes do depósito de melanina, como

único ativo despigmentante ou associado a outros produtos,

como a hidroquinona. Sua concentração de uso é de 2,0 a 5,0%.

VITAMINA K: a vitamina K é fundamental para a síntese de fato
res da coagulação sanguínea. Encontra-se na lista de substâncias

que não devem fazer parte da composição de produtos cosméti

cos desde 2010.

ALGOWHITE: é um despigmentante que atua pela redução da
atividade da endotelina 1 nos melanócitos e pela inibição da

enzima tirosinase; acelera a diferenciação celular e tem efeito

antioxidante.
WHITESSENCI: esse extrato permite o clareamento de hipercro
mias derivadas de melanina pela diminuição da fogocitose de

melanossomas, ou seja, diminui a fixação da melanina formada

nos queratinócitos. Contém proteínas de ação clareadora, como

jacalin
e artocapin.
HIDROQUINONA: composto fenólico que inibe a oxidação enzi
mática da tirosina e de outros processos metabólicos dos mela

nócitos. É um agente despigmentante de baixo custo e de rápida

resposta clareadora. Devido aos efeitos colaterais, a hidroquino

na é proibida em vários países.

ÁCIDO AZELAICO: dispõe de vários mecanismos pelos quais des
pigmenta a pele, incluindo a inibição da tirosinase, bem como

efeitos citotóxicos e antiproliferativos seletivos para melanócitos

anormais por meio da inibição da síntese de DNA e enzimas mi

tocondriais. As formulações disponíveis incluem um gel de 15%

ou creme a 20%.

CISTEAMINE 5%: é um dos mais recentes produtos para clarea
mento da pele. Acredita-se que o efeito clareador da pele seja de

vido às suas propriedades antioxidantes inerentes, causando um

efeito clareador na camada córnea. Há a hipótese de que a cistea

mina reduz a produção de melanina ao inibir as principais enzi

mas melanogênica, tirosinase e peroxidase, bem como os íons de

cobre quelantes necessários na melanogênese.

NIACINAMIDA: derivado fisiologicamente ativo da vitamina B3
(niacina), diminui significativamente a transferência de mela

nossoma para os queratinócitos sem inibir a atividade da tirosi

nase ou a proliferação celular. Também pode interferir na via de

sinalização celular entre os queratinócitos e os melanócitos para

diminuir a melanogênese. Uma das vantagens da niacinamida é

sua estabilidade não ser afetada por luz, umidade, ácidos, álcalis

ou oxidantes. A niacinamida tópica de 2 a 5% mostrou alguma

eficácia quando usada sozinha ou em combinação.

ANTAGONISTA DA TIROSINASE: ativos que mimetizam estrutu
ralmente a tirosina, ocupando o espaço na enzima tirosinase, im

pedindo sua ação. Ex.: arbutin, hidroquinona, uva ursi.
ANTIOXIDANTES: dificultam o passo de oxidação da tirosina, di
minuem o processo inflamatório, combatem os radicais livres,

diminuem as agressões às membranas das células. Ex.: vitamina

C, ácido ferúlico, vitamina E.

QUELADORES DE ÍONS COBRE: a tirosinase é uma metaloproteí
na, portanto precisa de metais como cofator. O cobre é um metal

fundamental para o funcionamento dessa enzima. Ao quelar esse

metal a tirosinase tem dificuldades de atuação, diminuindo este

passo da melanogênese. Ex.: ácido kójico, ácido fítico.

BOOSTER DE GLUTATIONA: a glutationa é uma enzima antioxi
dante endógena importante para desviar a síntese de melanina

para a formação da feomelanina (amarela), diminuindo a produ

ção da eumelanina (marrom e preta). Ex.: NAC, cisteamina.

INIBIDOR DA TRP-2: enzima responsável por acelerar o passo de
formação da eumelanina preta. Ex.: albatin.

INIBIDOR DA TRANSFERÊNCIA DO MELANOSSOMA PARA OS
QUERATINÓ CITOS:
impede que o melanossoma cheio de mela
nina madura seja entregue ao queratinócitos para pigmentar seu

citoplasma. Ex.: niacinamida, Whitessence.

INIBIDOR DA RAB27A: essa glicoproteína é fundamental para
transportar o melanossoma pelos filamentos de actína para ser

transferido aos queratinócitos. Ex.: Whitonyl.

ADSORVEDOR DE MELANINA FORMADA: dispersa e adsorve o pig
mento de melanina formado nos queratinócitos. Ex.: Antipollon HT.

ESFOLIANTES QUÍMICOS: removem o estrato córneo im
pregnado de melanina na camada mais externa da pele. Ex.:

alfahidróxi-ácidos.

INIBIDOR DA SÍNTESE DE TIROSINASE: inibição de genes que
ativam a melanogênese via núcleo do melanócito. Ex.: Mediatone

ou O.D.A White.

INIBIDOR DO FATOR DE TRANSCRIÇÃO DERIVADO DA MICROFI
TALMIA
MITF: fator de transcrição importante para iniciar a me
lanogênese. Ex.: TGP2 peptide, Whiteris G.

ANTAGONISTA DO ALFA MSH: principal hormônio ativador da
melanogênese. Ex.: Sepiwhite, IluminScan, Delentigo.

ANTAGONISTA DA ENDOTELINA: a endotelina-1 é o principal
mediador da melanogênese sensível à ativação por radiação UV.

Ex.: Belides, AlgoWhite.

ANTAGONISTA DO SCF E GM-SCF: os queratinócitos são capazes
de estimular a melanogênese por meio de mediadores e fatores

de estimulação de colônia. Ex.: Regu-Fade.

INIBIDOR DA PGE-2: as prostaglandinas inflamatórias são esti
muladoras eficazes da melanogênese, principalmente na hiper

pigmentação pós-inflamatória. Ex.: EPS White, Physasun.

BLOQUEADOR DA POMC: a pró-opiomelanocortina é um pre
cursor do hormônio alfa-MSH, que ativa a melanogênese. Ex.:

Neurolight.

PROTETOR SOLAR: mais eficiente bloqueador da radiação UV na
pele.

Peelings

O peeling químico está entre os procedimentos cosméticos mais comuns
na prática médica e é usado há décadas devido a ser um procedimen

to simples e de baixo custo. É definida como a aplicação de agentes quí

micos, de força variável na pele, que resulta na destruição controlada

da epiderme e da derme (
CARRER et al., 2008). A esfoliação induzida é
seguida pela regeneração dérmica e epidérmica do epitélio adjacente e

anexos cutâneos, o que resulta em melhora da textura superficial e da

aparência da pele (
BONFIM, 2022).
Os
peelings químicos são classificados, com base na profundidade de
penetração, em
peelings superficiais (epiderme – derme papilar), médios
(papilar à derme reticular superior) e profundos (derme reticular me

diana). Nos distúrbios de pigmentação, normalmente utilizamos os
pee
lings
superficiais e os médios.
O ácido glicólico (AG) é utilizado como
peeling superficial ou de média
profundidade devido a ser um agente esfoliativo que causa epidermólise

com descamação da pele por redução da adesão de corneócitos e obstru

çã
o de queratinócitos no estrato granuloso. Semelhante a outros α-hidro

xiácidos, leva a um espessamento da epiderme e da derme, com aumento

da síntese de colágeno e mucopolissacarídeo, e dispersão de melanina.

Os peelings de GA estão disponíveis em concentrações de 20 a
70%. A profundidade de penetração e a intensidade dos
peelings de
GA aumentam com concentrações e tempo de exposição. Esse agen

te deve ser neutralizado com uma solução alcalina, com bicarbona

to de sódio ou solução salina normal, para interromper seus efeitos

esfoliativos.

O ácido láctico (LA) é utilizado sozinho ou em combinação com ou

tros
peelings. Seus efeitos de clareamento na pele se dão em função de di
minuir a síntese de melanina ao inibir diretamente a enzima tirosinase.

A solução de Jessner (JS) é um agente de
peeling superficial comu
mente usado com outros
peelings para aumentar sua penetração. Seus
mecanismos de ação são específicos para cada ingrediente, mas geral

mente é proposta a quebra de pontes entre os queratinócitos.

O ácido kójico (KA) é um agente quelante de cobre, e suas proprie

dades clareadoras estão na capacidade de inibir a enzima tirosinase.

Disponível em concentrações de 1 a 4% e geralmente usado em com

binação com GA ou outros agentes clareadores (arbutina, aloesina, ex

trato de soja, etc.) para aumentar a penetração e a eficácia. Pode ser

usado antes e após o
peeling para prevenir e tratar a hiperpigmentação
pós-inflamatória.

O ácido tioglicólico (AT) em concentrações mais fortes, como 20%,

é usado na forma de
peelings, que devem ser repetidos quinzenalmen
te. O número de sessões necessárias varia geralmente entre 3 e 6 apli

cações. A pele quase não descama, podendo permanecer avermelhadas

nas primeiras 12 horas. O uso de protetor solar é imprescindível após as

sessões.

 

Tecnologias

Os lasers e as fontes de luz podem ser um complemento eficaz à tera
pia de escolha ou uma alternativa para falhas no tratamento com os

clareadores.

Vários
lasers têm sido usados para tratar lesões pigmentares, sendo
os principais o rubi (694 nm) e o alexandrite (755 nm). Fototipos mais

altos são mais prováveis de desenvolverem reações adversas, especial

mente PIH adicional após tratamento de
laser. O LASER Nd: YAG com comprimento de onda de 1.064 nm é mais
efetivo para remoção de tatuagens de pigmentos ou tintas preta e azul.

Também pode ter sua frequência dobrada, emitindo um comprimento

de onda de 532 nm, o qual é mais absorvido pela melanina, sendo indi

cado para o tratamento de lesões vasculares superficiais (ROH; CHUNG,

2009; AGNE, 2009; HORIBE, 2000; ALAM; GLADSTONE; TUNG, 2010;

CHAVANTES, 2009; GOLDBERG, 2007).

Segundo
AGNE (2009) e CAMERON (2009), na laserterapia de bai
xa potência, predominam importantes efeitos terapêuticos, os quais po

dem ser observados clinicamente, em especial analgesia local, redução

de edema, ação anti-inflamatória e estimulação da cicatrização de feri

das de difícil evolução. Os efeitos diretos, desencadeados pela absorção

da energia, limitam-se no ponto de aplicação, à profundidade de pene

tração e ao tempo que dura a aplicação (
NUNES et al., 2013).
Indicado para tratamento de alterações vasculares e pigmentares

superficiais, o
laser Q-switch tem o comprimento de onda transmitido
pela água, embora penetre superficialmente na pele, sendo absorvido

numa distância menor que 0,1 mm na melanina e em 0,5 mm no sangue.

A luz intensa pulsada (LIP) se diferencia dos
lasers em geral por
possuir uma luz policromática que emite um espectro amplo de com

primento de onda, em geral na faixa de 400 a 1.200 nm e o fator de luz

incoerente. A energia, que é emitida em todas as direções, espalha-se.

A focalização e o direcionamento da luz são feitos por meio de superfí

cies espelhadas colocadas atrás das lâmpadas. Dessa forma, a aplicação

é mais suave e de menor intensidade do que o
laser (NUNO, 2009).
Os sistemas de LIP emitem pulsos simples, duplos ou triplos, com in

tervalos variáveis, permitindo o resfriamento do tecido de 2 a 25 milis

segundos de duração. Os comprimentos maiores de onda penetram mais

profundamente na pele, aumentando, assim, a destruição de vasos pro

fundos, enquanto a duração de pulsos maiores aquece os vasos de maior

calibre mais lentamente, evitando o rompimento vascular (KEDE, SA

BATOVICH, 2009; SAMPAIO; RIVITTI, 2000; ALAM; GLADSTONE; TUNG,

2010).

A tecnologia da LIP é utilizada de maneira eficaz para tratar uma

variedade de disfunções vasculares e pigmentadas, além de outras in
dicações.
Entretanto, uma das suas principais limitações, reside no tra

tamento de pacientes com fototipos mais altos, sendo necessário que

o profissional determine a fluência de energia conforme a tabela de

Fitzpatrick.

A expressão
light emitting diodes (LED) remete a diodos semicon
dutores submetidos a uma corrente elétrica, que emitem a luz utilizada

para fototerapia, com comprimento de onda que varia de 405 nm (azul)

a 940 nm (infravermelho). A luz vermelha é mais apropriada para o tra

tamento de tecidos superficiais, a uma profundidade de 5 a 10 mm, como

a pele e tecido subcutâneo. Os aplicadores que liberam luz azul são mais

adequados para o tratamento de tecido mais superficial ainda, como a

pele ou tecido mole exposto (JEDWAB, 2010; CAMERON, 2009).

Os emissores de LEDs produzem luz de baixa intensidade, que pode

aparentar ser de uma só cor, mas não são coerentes nem monocromá

ticos. A luz emitida não é direcional e se espalha amplamente. Os LEDs

fornecem uma luz mais difusa, que é mais adequada para tratar áreas

maiores e mais superficiais, com maior faixa de frequência. São de baixa

potência individualmente (CAMERON, 2009; NUNO, 2009; KALIL, 2011).

Sua ação se dá pela estimulação direta e intracelular, especificamen

te nas mitocôndrias, reorganizando as células, inibindo ações e estimu

lando outros resultados no chamado efeito da fotobioestimulação ou fo

tomodulação (JEDWAB, 2010). O LED azul tem efeito hidratante e pode

ser utilizado para tratamento envolvendo hiperpigmentação por altera

ção vascular.

Tratamento oral

O tratamento das hipercromias ainda apresenta limitações e há algu
mas evidências que sustentam a eficácia da terapia oral.

Polypodium leucotomos: propriedades benéficas atribuídas à pre
sença de vários compostos com propriedades antioxidantes e fo

toprotetoras. Por via oral,
P. leucotomos fornece algum grau de
proteção contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta, aju

dando assim a minimizar os efeitos do fotoenvelhecimento da luz

solar, incluindo hiperpigmentação e alterações texturais.

Ácido tranexâmico: é um medicamento antifibrinolítico prescri
to para tratar sangramento e também é usado
off-label para tra
tar e/ou prevenir a HPI. É usado por via oral 500 mg por dia. É

contraindicado em pacientes com condições hipercoaguláveis,

insuficiência renal, distúrbios da visão, gravidez, amamentação,

ou em terapias hormonais. O mecanismo exato do TXA na redu

çã
o da melanogênese é desconhecido.

Hidroxitirosol: o hidroxitirosol (Oli-Ola®) tem propriedades an
tioxidantes superiores às das vitaminas C e E. Apresenta efeitos

quimiopreventivos aos danos causados pela radiação UV. É co

mercializado como
peeling oral nas concentrações de 300 mg diá
rios em terapias únicas ou em conjunto com outros agentes cla

readores, com o intuito de diminuir a hiperpigmentação cutânea.

Pinus pinaster (picnogenol): tem propriedades antioxidantes e
anti-inflamatórias e, portanto, elimina os radicais livres. A sua

atividade consiste na inibição da biossíntese da tirosinase, cau

sando interferência na formação da melanina. Vem sendo utiliza

do devido ao seu efeito inibitório na pigmentação, com o intuito

de melhorar a aparência da pele e agir na redução progressiva da

á
rea e na intensidade das hipercromias. Estudos comprovam ser

mais potente que as vitaminas E e C, com capacidade de aumen

tar o sistema antioxidante endógeno, sendo comercializado nas

concentrações de 75 a 100 mg.

Extrato de semente de uva (proantocianidina): contém um po
deroso antioxidante, e a sua ingestão oral, 67mg 3x ao dia, por 6

meses, foi considerada benéfica em pacientes com melasma, sen

do necessários estudos adicionais sobre o benefício na HPI.

Glutationa: é um composto produzido no corpo e atua como for
te antioxidante. Tem atividade clareadora por meio de vários me

canismos: mudança na produção de feomelanina sobre eumela

nina; inibição da tirosinase; e extinção de ROS e radicais livres,

que influenciam a ativação da tirosinase. Em um estudo clínico,

50 mg de pastilha de glutationa mostrou aliviar ou reduzir mo

deradamente a hiperpigmentação em 90% dos indivíduos (
HAN
DOG
et al., 2016). Embora a glutationa seja frequentemente co
mercializada como um tratamento seguro, faltam estudos sobre
seu uso para clareamento da pele,
com a maioria dos estudos ten

do limitações, incluindo pequenos tamanhos de amostra, curtas

durações de estudo, curtos períodos de acompanhamento e a fal

ta de biodisponibilidade. Além disso, o uso IV tem sido associado

a várias complicações, incluindo síndrome de Stevens-Johnson,

dor abdominal, disfunção renal, toxicidade cerebral e disfunção

hepática.

Arnica: dentre os medicamentos fitoterápicos e homeopáticos, a
arnica montana é um dos mais empregados, visto sua potente

atividade anti-inflamatória, sendo indicada, sobretudo, para re

dução do edema e alívio da dor decorrente de trauma tecidual.

São também atribuídas as propriedades cicatrizante, antissép

tica, antimicrobiana, fungicida, anti-histamínica, cardiotônica e

anticoagulante.

Tratamentos alternativos

Alguns outros tratamentos podem ser associados para otimizar a res
posta aos tratamentos convencionais. Entre eles:

Carboxiterapia: o mecanismo de ação da carboxiterapia se dá
de forma mecânica e farmacológica. O efeito mecânico ocorre

pelo trauma da entrada da agulha e do gás, que gera um pro

cesso inflamatório, com a consequente migração de fibroblas

tos para o local, iniciando a síntese de colágeno, reparação des

se tecido, aumento da troca de oxigênio no local, melhorando

a irrigação e a nutrição celular (BORGES, 2010; ROH; CHUNG,

2009). São indicações da técnica de carboxiterapia, patologias

que se beneficiam com o aumento da circulação e oxigenação. A

carboxiterapia tem trazido bons resultados na maioria dos pa

cientes com queixas de hipercromia. Em pacientes que não ob

têm um mínimo de melhora até a terceira sessão, o tratamento

é suspenso. A aplicação é feita de forma a promover o desloca

mento tecidual, com um fluxo de 80 ml/min a 150 ml/min e fre

quência mensal das sessões.

Fototerapia: modifica a atividade celular, utilizando uma fonte de
luz sem efeito térmico,
laser e/ou LED, com o objetivo de melhorar as
altera
ções pigmentares, removendo os pigmentos, aumen

tando a microcirculação e melhorando a eliminação de toxinas.

Microcorrente: alternativa viável no tratamento da HP. Trata
-se de um tipo de eletroestimulação. Os efeitos: revitalização

cutânea, aumento da síntese de ATP e da produção de colágeno,

clareamento da pele, estimulação da microcirculação cutânea,

resultando em uma melhor nutrição e oxigenação tecidual, mobi

lização da linfa, melhorando a circulação local. Os resultados da

microcorrente são de caráter acumulativo.

Plasma rico em plaquetas (PRP): o PRP é um composto autólo
go, cuja concentração plaquetária é de 3 a 5 vezes maior que a

concentração plasmática normal. Além da alta concentração de

plaquetas, é rico em fatores de crescimento, que são secretados

pelas plaquetas e agem no processo de cicatrização. Segundo

MEHRYAN
et al., em seus estudos, quando se trata da eficácia do
uso de PRP para melhora da HPO, tem-se um resultado significa

tivo na homogeneidade da cor.

Uso da hialuronidase: pode ajudar a tratar os hematomas nas fa
ses gelatinosa (coagulação) e de consolidação, reduzindo, assim,

os riscos de complicações, o tempo de inatividade do paciente e o

surgimento das manchas pós-hematomas.

Técnica de indução percutânea de colágeno: também conheci
da como microagulhamento, pode ser incluída em nosso arse

nal terapêutico no tratamento das hipercromias, principalmente

quando essa se mostrar resistente aos tratamentos convencio

nais. O número de sessões com intervalo de 30 dias depende da

intensidade do HPI, não havendo limite para o número de inter

venções. Além disso, cada intervenção oferece um ganho na re

dução do pigmento e melhora na qualidade da pele, ainda mais se

associado ao
drug delivery.
Escleroterapia: o PMMA induz a neocolagênese e a neovascula
rização devido ao padrão inflamatório da reação tipo corpo es

tranho. Em alguns pacientes, pode-se observar a formação de

pequenos vasinhos, as telangiectasias, que representam veias

menores que 1 milímetro de diâmetro que se desenvolvem logo

abaixo da pele e até mesmo da mancha, geralmente de coloração avermelhada ou arroxeada.
Apesar de não representarem ne
nhuma ameaça à saúde do indivíduo, são indesejadas tanto por
serem antiestéticas quanto por também estarem possivelmente
associadas à própria mancha.
O objetivo é causar destruição do
endotélio, de modo que oblitere a luz dos próprios vasos e, dessa
maneira, não passe mais sangue por ali. Com o tempo, o organis

mo reconhece esse vaso como não funcionante e o absorve, fa

zendo com que ele não seja mais visível
.

Tratamentos promissores

A necessidade e a demanda por tratamentos mais novos, seguros e efi
cazes para os mais diversos distúrbios de hiperpigmentação estão sem

pre abrindo o caminho para que se explorem continuamente as opções

de tratamento. Vários compostos e combinações estão atualmente sen

do testados e mostraram resultados promissores nas fases iniciais dos

ensaios clínicos e estão sendo considerados para avaliação posterior.

Nanopartículas lipídicas sólidas
Uma área que tem mostrado resultados promissores é o uso de veículos

alternativos para administração de medicamentos.

O uso de nanopartículas lipídicas sólidas pode aumentar a biodis

ponibilidade e a estabilidade tópica dos medicamentos. Por exemplo,

a hidroquinona, preparada para nanopartículas lipídicas sólidas mos

trou eficácia melhorada quando comparada à hidroquinona tópica pa

drão. Além disso, outros veículos medicamentosos, como lipossomas e

microemulsões, também mostraram resultados encorajadores (
GHAN
BARZADEH
et al., 2015; ÜSTÜNDAĞ OKUR et al., 2019; BANIHASHEMI
et al.,
2015)
As nanopartículas lipídicas sólidas foram exploradas como escolhas

atraentes para entrega tópica, pois formam uma camada oclusiva na su

perfície da pele, levando à hidratação do estrato córneo e a aumento da

penetração da droga. Além disso, elas oferecem muitas vantagens, como

alta carga de medicamentos, maior estabilidade e biodisponibilidade.


Lipossomas

São vesículas microscópicas e esféricas compostas por uma bicamada

concêntrica fosfolipídio e colesterol e podem incorporar a droga hidrofóbica e hidrofílica.
Eles podem se fundir facilmente com a membrana

celular e alterar a fluidez da membrana para fornecer efetivamente a

droga e aumentar a penetração do estrato córneo. O microagulhamento

foi sugerido para aumentar os efeitos ativos sobre a forma lipossomal.


Orais

Pentoxifilina 1.200 mg/dia por 8 semanas: é um agente hemor
reológico que promove a perfusão da microcirculação pela me

lhora da fluidez sanguínea e pelo desenvolvimento dos efeitos

antitrombóticos.

Ácido ascórbico 1.000 mg/dia por um período de 8 meses: é um
eliminador de radicais antioxidantes e essencial para a síntese de

colágeno.

Mistura de agentes venoativos com flavonoides orais: Diosmin
450 mg, Hesperidina 50 mg e extrato de Euphorbia próstata 100

mg por dia durante 2 semanas. Diminui a permeabilidade capilar,

inibe a produção de radicais livres de oxigênio e a peroxidação li

pídica, diminui a síntese de prostaglandinas e tromboxano, e di

minui a ativação endotelial e a viscosidade do sanguínea.

Dobesilato de cálcio 500 mg por dia por 2 semanas: inibição da
síntese de prostaglandinas e tromboxanos, relaxamento vascu

lar devido à produção de óxido nitroso, redução da viscosidade

do sangue e regulamentação negativa da expressão de VEGF.

Colchicina 0,5 mg por 8 semanas: função imunomoduladora devi
do ao bloqueio da quimiotaxia de células T.

LACTOFERRINA LIPOSSOMADA

A lactoferrina (LF) é uma glicoproteína de ligação ao ferro com proprie
dades anti-inflamatórias, antivirais, antibacterianas, antifúngicas, an

tiparasitárias e imunomoduladoras. Tem sido investigada para tratar

vários distúrbios. Apresenta dois lóbulos altamente homólogos, com ca

pacidade de ligação de ferro estável e reversível. Sendo assim, possui

propriedades quelantes não só dos íons de ferro, mas também de cobre

e zinco, sendo utilizado em situações de discromias dermoepidérmicas.

PREVENÇÃO

Baseado em nossa prática clínica, listo algumas sugestões para preven
ção das manchas a partir do controle do hematoma que surge após o

procedimento.

1.
Conferir as medicações de uso regular do paciente: como pon
tuado anteriormente, algumas medicações podem aumentar o

tempo de sangramento ou interferir na produção de melanina.

2.
Controle do trauma da subincisão: ser o mais preciso no corte
do septo de fibrose reduz muito o trauma adjacente e, conse

quentemente, o hematoma.

3.
Idealmente comprimir a região em sangramento por 5 a 10 mi
nutos: isso irá reduzir o tempo de sangramento e consequente

mente o hematoma.

4.
Compressas de gelo – com cuidado: o gelo no pós-procedimento
imediato e nos primeiros dias tem ação analgésica, além de di

minuir o edema e a formação de hematomas.

5.
Lavagem através do orifício com SF gelado: mesmo princípio do
uso do gelo.

6.
Curativo compressivo – micropore/tape; mantê-lo por 2-3 dias:
favorece a reorganização do tecido cicatricial formado duran

te o processo de reparação. Também acelera a reabsorção das

áreas equimóticas e minimiza o acúmulo de líquido.

7.
Prescrição de ácido tranexâmico 250 mg – 2 cp. ao dia por 5-7
dias: em um estudo com ácido tranexâmico via oral, foi usado

off-label
para tratar e/ou prevenir PIH com sucesso em aproxi
madamente 82 pacientes de alto risco após lesões ou antes de

procedimentos que rompem a epiderme. Pode-se utilizar o tra

tamento com TXA para todos os pacientes em risco profilati

camente antes de serem submetidos a microagulhamento, crio

terapia, criolipólise,
peelings químicos e tratamentos a laser.
Entretanto, é contraindicado em pacientes com condições hi

percoaguláveis, insuficiência renal, distúrbios da visão, gravi

dez, amamentação, ou em terapias hormonais.

8.
Uso da bermuda por pelo menos 7 dias, sendo o ideal por 30
dias: ajuda a otimizar o tratamento, pois a força compressiva ge
rada contribuirá para os benefícios da reabsorção equimótica e
para minimizar o acúmulo de líquidos.

9.
Retoque com mais de 45 dias de intervalo: ao estender o retor
no, a cicatrização da pele tratada estará completa e o risco da

hiperpigmentação também é reduzido por não abordar uma

pele ainda em processo inflamatório/cicatricial.

10.
Se for possível e viável, orientar o uso precoce de fórmula trípli
ce (tretinoina, corticoide e hidroquinona) ou de ácido glicólico

em pacientes que têm a tendência a hiperpigmentar.

11.
Evitar a exposição solar até a melhora das manchas e o uso de
fotoprotetor.

CONSIDERAÇÕES

A hiperpigmentação pós-Goldincision® é um desafio por ainda não exis
tir um tratamento definitivo e rápido. É uma alteração que pode afetar

qualquer fototipo e que preocupa as pacientes que desejam uma solução

e tratamento eficaz do problema.

Por tratar-se de uma discromia multifatorial, vários despigmentan

tes são usados no intuito de combater essa alteração, assim como a as

sociação com outros tratamentos para uma solução mais rápida e efeti

va do problema.

Oriento para que, sempre que possível, se planeje o tratamento le

vando em consideração todos os fatores que podem ser controlados, a

fim de se evitarem as hipercromias.

Precisa de ajuda?